sexta-feira, 1 de junho de 2012

BALANÇAR DE CABEÇAS

                             BALANÇAR DE CABEÇAS

                                                Marco Aurélio Bicalho de Abreu Chagas

            Dei sinal. O ônibus parou. Entrei.
            Lá dentro me deparei com uma cena horripilante. Um balançar de cabeças. E os que assim se portavam estavam em pé e com fones de ouvidos.
            Uns balançavam as cabeças freneticamente, enquanto outros faziam movimentos leves e cadenciados.
            Alguns, assentados, também portando fones de ouvidos, além de balançar as cabeças, gingavam os troncos em uma movimentação constante.
            Os demais ocupantes do veículo assistiam aquilo pasmos e sem entender o que estavam vendo. Não se ouvia músicas, mas as cabeças e os troncos balançavam como se seguissem o ritmo de uma canção.
            Cada passageiro que entrava no busão se assustava e tentava entender o que se passava ali.
            Os que desciam transitavam por entre as cabeças que não paravam de balançar e em suas fisionomias se estampava uma interrogante, porque não sabiam a origem daquilo.
            A condução continuava no se trajeto e a cena tétrica dentro do coletivo continuava a estarrecer os que ali estavam, obrigados a presenciar esse cenário parecido com um episódio macabro que envolvia cabeças e troncos balançando.
            Chegou a minha vez de descer. Passei por entre as cabeças que balançavam e troncos que se contorciam e fiquei a cismar qual era a melodia que se ouvia naqueles ouvidos que traziam dentro de si os respectivos fones.